Nessa tarde tão fria, não sei o que fazer, fico andando de um lado pro outro dentro de casa, ligo a televisão, não tem nada de bom, no jornal disseram que a inflação subiu, notícias de morte e violência urbana, mudo de canal, programa de culinária, me canso disso, acabo deixando a sala, vou pro quarto, me jogo sobre a cama, hoje é um daqueles dias cheio de tédio, e o pior de tudo, ela me deixou, foi embora, não sei porque, só sei que eu amava demais aquela garota, fizemos tantos planos para o futuro...
Talvez formalizar nossa união, um casamento no civil, iriamos dar uma festinha pequena, em casa mesmo, para alguns amigos e familiares. Sonhamos com filhos, um cachorro. Eu até estava economizando para comprar um carro.
Fui dormir. Acordei e ela não estava mais do meu lado. É muito triste me lembrar disso. E fico me perguntando:
- Porque ela me deixou? Porque ela foi embora? Porque ela fez isso comigo?
Não aguento mais essa tortura.
Peguei meu bilhete de ônibus e corri pro ponto, ia atrás dela. Logo vem um, dei sinal, entrei, passei a catraca e me sentei, estava ofegante, o coração acelerado. E o motorista cortava os carros na avenida numa precisão, eu observava as pessoas na rua, umas alegres, outras nem tanto, sorridentes, uns até de cara amarrada, mocinhas voltando da escola, velhas senhoras indo para a igreja, vendedores nas portas das lojas chamando a clientela, todos pareciam tão bem, e eu estava na poça.
Cheguei no meu destino, dei sinal para descer no próximo ponto e assim foi feito. Fui andando cabisbaixo até chegar na casa nova onde ela morava. Observei que a porta estava aberta, fui entrando sem avisar, e lá estava ela.
Fui logo gritando:
- Porque você me deixou?
Ela ficou calada.
Ao longe escutei a voz de outro homem...
- Ei, faz favor, tem que sair daqui...
Sem forças, fiquei parado, imóvel, sem acreditar que aquilo havia acontecido de verdade... E o homem continuava gritando:
- Senhor, por favor, temos que fechar o cemitério, saia por favor.
Warlei Antunes
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
- Cicatrizes
As cicatrizes doem, são insuportáveis. Elas me lembram todo dia o que eu luto para esquecer.
Esquecer aquela vez que eu caí e não achei que conseguiria levantar, achei que nunca mais sairia do chão. Me perdi e perdi tudo que tinha, fui perdendo os cacos de mim mesma em cada esquina que passava, à mercê de qualquer um que pudesse juntá-los, implorando por piedade.
Eu queria levantar mais cada lugar em que me apoiava fazia o favor de desmoronar, não sei explicar.. Sei que me esqueci de quem eu era, sei que perdi a conta de quantos barrancos caíram na minha cara.
O mais triste de tudo foi que eu esqueci também de acreditar, esqueci de ter fé, esqueci de confiar.
Era apenas eu, nada mais
E quando o mundo acabou eu estava escondida atrás dos meus próprios escombros.
Foi ali que me dei conta de que agora eu ia ter que fazer meu próprio mundo, dei um primeiro passo, limpei toda sujeira que estava por cima de mim, me lembrei de que o mundo tinha cor, vi um anjo como num espelho e me segurei nele, era eu sozinha de novo. Por incrível que pareça eu me levantei e criei meu mundo novo, aqui estou eu... Enfim.
As cicatrizes doem mesmo, e não me deixam esquecer, no mais profundo corte eu carrego a experiência de alguém que o amor matou e o próprio amor reviveu. Agora eu sei que jamais cairei novamente.
Esquecer aquela vez que eu caí e não achei que conseguiria levantar, achei que nunca mais sairia do chão. Me perdi e perdi tudo que tinha, fui perdendo os cacos de mim mesma em cada esquina que passava, à mercê de qualquer um que pudesse juntá-los, implorando por piedade.
Eu queria levantar mais cada lugar em que me apoiava fazia o favor de desmoronar, não sei explicar.. Sei que me esqueci de quem eu era, sei que perdi a conta de quantos barrancos caíram na minha cara.
O mais triste de tudo foi que eu esqueci também de acreditar, esqueci de ter fé, esqueci de confiar.
Era apenas eu, nada mais
E quando o mundo acabou eu estava escondida atrás dos meus próprios escombros.
Foi ali que me dei conta de que agora eu ia ter que fazer meu próprio mundo, dei um primeiro passo, limpei toda sujeira que estava por cima de mim, me lembrei de que o mundo tinha cor, vi um anjo como num espelho e me segurei nele, era eu sozinha de novo. Por incrível que pareça eu me levantei e criei meu mundo novo, aqui estou eu... Enfim.
As cicatrizes doem mesmo, e não me deixam esquecer, no mais profundo corte eu carrego a experiência de alguém que o amor matou e o próprio amor reviveu. Agora eu sei que jamais cairei novamente.
Por: Kauane Aguiar
terça-feira, 8 de novembro de 2016
- Esquecer!
Nada contra...
Tudo haver...
Nada consta!
Aparecer.
Fazer por merecer.
Hoje não tenho nada.
Nada contra você.
Nada consta sobre você...
Eu só quero esquecer!
Poeta Antunes
Tudo haver...
Nada consta!
Aparecer.
Fazer por merecer.
Hoje não tenho nada.
Nada contra você.
Nada consta sobre você...
Eu só quero esquecer!
Poeta Antunes
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