O mês passou tão rápido
Não percebi o fim chegar
Com tanto problema para se preocupar
Tem conta para pagar
Aluguel não pode atrasar
O agiota já vem cobrar
O dinheiro que pedi para me emprestar
A vida não é fácil para o trabalhador
Que corre a todo vapor
Em busca de algo mais
E talvez não consiga jamais
É tudo tão caro
Mesmo assim não paro
Buscando sempre um melhor lugar
Mas, preciso descansar.
A corrida é insana
Tão desumana
Perco a força no braço
Preso no laço
A armadilha da vida
Que é tão corrompida
O egoísmo toma conta
O mal desponta
Já vi muita gente desistir na beira do caminho
Que anda repleto de espinho,
Correndo pelas ruas da cidade
Não vejo felicidade,
Dizem que a favela venceu
Mas, parece que ninguém percebeu
A favela está no mesmo lugar
Tendo que lutar
Precisando resistir, persistir
Para não se confundir
Nem diminuir.
Só se vence quando todos juntos subirem de patamar
Não adianta só um chegar
No pódio e gritar,
A vitória tem que ser de todos
E para todos,
É comunidade,
É unidade,
Tem que existir igualdade
Muito mais humanidade
Um braço forte
Seguro até a morte
De que ninguém vai se perder
De que ninguém vai perecer
Sem alguém para perceber,
Vejo o mundo sucumbir
Não sinto a dor sumir
Tento enganar a mente
Sem pensar no sofrimento de toda essa gente
Sem ter o que fazer
Sem ter para onde correr
E na rua é crueldade
O que domina é sempre a maldade
Está difícil acreditar no amor
Faz tempo que não provo desse tal sabor
O que sinto por aqui é somente o pavor
De que cada dia pode ser pior que o outro.
Warlei Antunes