Na guerra do ego
O ser humano fica cego.
Não me entrego:
em cada palavra que escrevo
tem um pedaço de mim, subscrevo.
Porque não é o fim,
dito o ritmo,
sem algoritmo.
Vou mentalizando o amor,
buscando um melhor sabor.
O que desejo é paz,
sei que sou capaz.
Abraçar a vida,
verde, minha cor preferida,
na esperança que canta por último.
Sou o penúltimo
nessa lista cheia de nomes,
tantos pronomes, codinomes,
as mesmas características
que viram simples estatísticas
nas páginas dos jornais:
só notícias nada legais.
Vou desalinhando o destino,
compondo um hino,
a trajetória
da minha própria história.
São tantas ambições,
muito mais decepções,
nesse céu azul que não cabe,
e nada se sabe.
Ego inflado,
isso me deixa revoltado.
Para cada dia, um novo mal,
sem ter sequer um real.
Tento não reclamar,
tento não me desesperar.
Não posso me deixar levar
por tudo que vejo nessa cidade,
à beira da calamidade.
Precisa-se pensar positivo,
mesmo que tudo ao redor seja tão negativo.
Dizem que nada é relativo...
mas não faz sentido:
o ódio precisa ser detido.
Entre quatro paredes, tudo acontece.
O dia amanhece,
e nada é igual.
Procurando a vida ideal
nessa terra de caos e cacos de dor,
de longe já sinto o odor
da falsidade dos governantes,
que parecem tão elegantes,
sorridentes,
com seus tridentes,
empurrando o povo ao precipício.
É desde o princípio,
é bíblico até.
E eu tenho fé:
“Maldito o homem
que confia no homem.”
Quem traiu Jesus estava lado a lado,
e por trinta moedas foi comprado.
Coração corrompido,
nada foi esquecido.
Será que a união existe?
Será que ninguém desiste?
Será que alguém ainda resiste?
Unidos venceremos.
Se ninguém for, nós iremos.
Porque alguém ainda resiste
em cada dia,
em cada poesia.
Warlei Antunes