Sobre a vida. Falando de mim. Não sei.Desconheço tudo. Sem fatos. Muitos menos o oposto do que posso acreditar, falo de guerras mentais e de loucuras que ecoam sobre os pensamentos mais obscuros de minha velha e conturbada mente. Não sei se sou poeta. Não sei o que sou. Não me defino por algo à ser. Isso é minha honra, se é que tenho ela. Não consigo mais dormir sem pensar nas minhas tristezas. Não vou aguentar mais ficar aqui preso. Quebrando as correntes. Tudo vai se explodir. Tudo vai desaparecer. Sem documentos nem palavras. Vivo de forma rude. Sou catador de letras. Colecionador de histórias. Contador de causos e devaneios. Desleixos ficam a parte. Capricho é só o que me resta. Já disse "basta de tanta tolice." As vezes sou alegre, mas contudo ando triste. Romances a parte. Choros podem ser arte. Combinações que trazem tortura. Assim sou eu. Sem saber quem sou. Muito menos pra onde vou. Sou apenas um poeta, (ou talvez nem seja) fazendo rascunhos da vida. Um acerto aqui, outro acolá... E na maioria são erros. Rasgo a folha do caderno e começo tudo de novo. Porque a vida é poesia, cada dia um poema, as vezes erramos e as vezes acertamos, mas o que importa é que no fim do dia o tal poema estará completo. Aí é só dormir, dia seguinte tem mais. De história em história, dia após dia vamos escrevendo ou rascunhando nossa pequena vida, que é apenas um vão espaço de tempo, o que é hoje, amanhã não existe mais... Antunes
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